O celular fazia barulhos alternados com os trimeliques do vibra e a luzes piscando. No visor "Marcelo" piscava insistentemente, era 18h15, e como nos últimos 7 anos, de segunda a sexta, o celular de Jaqueline tocava as 18h15.
— Alô. - Jaqueline atendeu o celular com uma voz pesada, de quem já na quarta-feira estava farta da semana.
— Oi Jaque, tudo bem com você?
— Vou bem, já já quase saindo, e com você?
— Eu vou indo, ahn... indo, aqui tá tudo bem. - A voz de Marcelo oscilava entre alegre e confusa. — Eu só liguei para desejar um bom descanso para você e um bom dia amanhã.
— Ah, obrigada, bom descanso para você também, e - um curto silêncio constrangedor fez com que Jaqueline mordesse os lábios — acho que é isso.
— Sabe Jaque, às vezes eu penso...
— Marcelo, preciso desligar senão perco o ônibus hoje.
— Ok, hum, tchau.