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Desencontros

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           Após o quarto ou quinto desencontro emocional decidi parar de procurar. O quarto era um moço desprovido de beleza, mas tinha uma inteligência que... Ah, não. Nem era tão grande assim. Deixei-me levar muito pela aparência, pela magreza, pelo olhar. Seu gosto musical era mediano, do tipo que você não ouviria junto, mas também não se retiraria do lugar. Foi isso mesmo o que sobrou. A chuva me faz pensar e minha vida emocional não é das piores, vai...
           Enquanto todos se aquietam, após acabarem de sair correndo da chuva esperada (o que comprova muita coisa para mim), vou me sentar na cama. Não consigo dormir, e ler com chuva me dá dor de cabeça, então cá estamos nós. O primeiro cara que me apaixonei tinha os olhos verdes e o rosto bem definido e masculino. Se pensar bem, foi totalmente diferente das minhas paixões seguintes. Ninguém entendia meus gostos, ninguém. Afinal, que tipo de pessoa se apaixona por um cara alto, cheio de defeitos, antissocial e que finge não olhar pra você quando passa?! Sim, alguém como eu.

           O isolamento me atrai muito. Vi-me bocado de vezes olhando pra alguém, que fica no canto, que tem o olhar atento, que tenta se esconder atrás de alguma coisa. Você nunca sabe que tipo de coisa essa pessoa pensa e um dos meus passatempos era descobrir isso. Fui decepcionada muitas vezes, confesso. Algumas delas são totalmente vazias ou somente imaturas, o tipo de pessoa que não fala nada porque é melhor ficar calado mesmo. Fui assim por muito tempo e tinha quem (não sei por que raios) se interessava por mim. Ninguém devia se interessar por uma garota que ia para biblioteca nos intervalos e que gostava de ouvir MPB.

           Descobri que meu forte era relações à distância. Você não tem que ser engraçado de imediato; pode decorar a piada de atualização de status de alguém. Você não precisa sorrir e muito menos sair de casa pra passear. Esse era meu forte porque se relacionar com as pessoas sempre foi um problema pra mim. Não sabia agir quando estava em público, não sabia ser "bonitinha" e agradável. Deveria usar óculos, mas meu medo de não aceitação pela sociedade me fez parar de usar. Deveria fazer muita coisa que não fiz e que não faço.

           Parei de procurar porque as pessoas não se interessam por quem você é. Interessam-se pela marca do seu carro, por qual celular você tem, em que faculdade você estuda, pelo grupo de amigos pelo qual você faz parte. O mundo por si só, deixou de acreditar em muita coisa. Você cresce e desiste. Desiste dos seus sonhos, do trabalho perfeito, do amor. Procurava por aquilo que não me fazia bem, mesmo achando que sim. Deixo de me importar e passo a ver a vida como realmente ela é. Você cuida de você, porque afinal, é tudo o que lhe resta.


Um comentário:

  1. Gil do Céu, senti o teu sentimento quando, fez esse post, muito lindo, triste Historia, mais muito lindo o Texto, vc esta de Parabéns.

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