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1979

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1979. Plano de Integração Nacional que na época havia sido implantado mobilizou várias pessoas quanto ao seu tema e por agora a situação era estável.
Moço com seus 1,75cm de altura, não muito interessado nas garotas da cidade, apaixonado por música e por coisas simples. Morava com grande parte da família e tinha um talento exímio em desenhar, era como ninguém. Passava as tardes de domingo escrevendo, era um bom poeta e tinha rimas inesperadas, o que enriquecia em muito suas passagens.
As moças daquela época se casavam muito cedo e como é de se esperar, eram todas de família. Certo de que hoje em dia, isso não faz lá muito sentido. Moças de respeito, porém nenhuma delas fazia o coração do moço bater mais forte, nenhuma delas tinha o brilho que há muito ele procurara.

Dezembro de 1979. Crises decorrentes da economia da cidade fizeram com que a família se mudasse para um lugar melhor a se viver. Ah... aquela região era como nunca ele havia visto antes. As pessoas eram hospitaleiras e gentis, se importavam realmente uns com os outros e sem falar nas moças, que eram tão bonitas quanto o nascer do sol.
O lugar o inspirava de grande forma, porém não se comparava com a pureza de Luíza. Filha de um ferreiro muito mal-humorado e de uma dona de casa passiva, ela seguira desde sempre as ordens de seus pais. Como era da vontade do ferreiro, nunca se aproximara muito dos moços que ali viviam e se alguém quisesse se formalizar com a mesma, haveria de ser apresentado ao seu pai com antecedência.
A vida sob medida não agradava-a. Sabia que nenhum príncipe viria num cavalo branco para buscá-la e viver felizes para sempre. Era realista, sabia até onde poderia ir, sonhava em formar uma família e ter alguém pelo qual ela amasse verdadeiramente.
Logo Luíza soube do jovem rapaz, que até aquele momento, não conseguia tirá-la de sua mente, pois Luíza diferentemente das outras, tinha suas exclusivas opiniões acerca de tudo, era determinada, fiel e valorizava as coisas.



31 de Dezembro de 1979. Os dias anteriores passaram-se rápido e era momento de comemorar a chegada dos anos 80. Aquele dia foi a primeira vez em que Luíza e o moço se falaram. Se encontraram na praça central da cidade, onde todos se reuniam para celebrar e ela aproveitou o momento no qual seus pais faziam as saudações aos amigos. Conversaram sobre suas coisas favoritas e num momento João deixou escapar no olhar, a alegria por tê-la do seu lado, foi recíproco.
Após outros encontros, eles decidiram formalizar um relacionamento e como era de conhecimento dele, tinha de conversar com o pai de Luíza. Nada foi como o esperado e numa conversa demasiadamente entristecedora para os dois, foi deixado claro que tudo o que eles sonhavam um pra o outro, eram folhas secas numa árvore velha.
Ele chorou, ela também. Disse: - Luíza, você foi a moça com quem eu sempre havia sonhado, aquela pela qual eu redigi as mais lindas poesias. Posso não poder estar contigo por agora, mas quero lhe ter bem. - e com um abraço tanto que pedindo para ficar, ele foi.
O mesmo João, hoje com seus 52 anos e os mesmos 1,75cm de altura relembra essa história, sorrindo.
Aprende-se a dizer que podemos e que somos, e que alguns amores não são para durar; que tem Alguém que reserva algo melhor e devemos pacientemente, saber esperar. Ele é feliz. Eu, Luíza, aprendi que o que a gente vive aqui serve de lição, não há lucro em se culpar e que somos felizes de verdade, quando queremos ser.



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