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Sou moça de flores, meu senhor.

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Certo dia, por uma imparcialidade qualquer ele me pergunta do que eu gostava, não era a primeira vez, mas para cada uma delas ele tinha um jeito demasiado flexível de fazê-las. Me lembro que tinha um sorriso bonito e que gostava de me elogiar, principalmente pelo caráter. Muita falta de consideração, eu acho. Ele bem sabia que a moça das cartas que eu era, amava essas bobagens. Não falava politicagens de João que a todos pertencia e nem tanto se engrandecia.
Noite passada me deixou em casa, com um beijo no rosto se despediu e não exitou em não olhar para trás. Até me perguntei porque não haviam outros caras como ele, mas seria bobagem minha; fui dormir um tanto fora do comum pelo fato de que alguém, desta vez, estava ganhando algum lugar na pedra que existia dentro de mim. 
Era bem careta. Ouvia Bee Gees e a noite adorava tomar vinho  - tinto suave, claro - que por alguma falta de sorte minha, também eram meus hábitos. Isso não iria dar certo mesmo, porque como dizem "os opostos se atraem". Sabia que para ele o que os outros diziam e nada, faziam o mesmo efeito. 
Me ligou — Oi, to afim de sair, vem comigo? — Pra onde? — Ver as estrelas de um arranha-céu... o meu preferido na verdade e vou levar o teu vinho favorito, aceita?

A proposta era ótima e não foi pelo vinho nem pelas estrelas que o pedido foi algo realmente bom, mas pela segurança e firmeza que haviam nele. Assim como eu, se não houvesse aceitado ligaria para alguma outra garota que tivesse a presença suficientemente agradável para o encontro e novamente, pelo mesmo motivo, ele não ligaria, porque lá fora nenhuma outra oferecia a frieza necessária, não tinha o mesmo perfume e nem tanto o olhar. 

Você bem sabia... minha frieza te indicava um caminho a seguir, era o meu. Fui lhe ver, dispensando o boa noite que pra mim era inútil, como também pra ti e disse  — Veja, nós. Tem certeza?  — Não é surpresa pra ti, não é? Eu poderia deixar você dizer que é melhor eu não me apaixonar, porque é um poço de pessimismo e não-esperanças que me faria perder esse apego que tenho por ti. O fato não é não conseguir, é não querer. O teu olhar me traz cada vez mais pra perto de você e não, eu não te amo. Você não acredita no amor e nem eu, mas... não quero ter que ficar mais perto de ti sem poder te demonstrar o que sinto. Não lhe mandarei flores seguido do CD do U2 porque é o que você gosta, mandarei porque amo ver teu rosto de surpresa diante disso. É surpresa pra mim também, ninguém ter feito isso antes. Me sinto privilegiado pela oportunidade que tô tendo. E é como você disse entrelinhas vez passada, citando um dos teus escritores favoritos... "Esse é só mais um aviso: ou fica comigo, ou vai acabar em solidão." Mas de um jeito mais delicado... você quer ficar comigo moça das flores? — Sim, meu senhor. Porque ou eu fico contigo ou tu acabas por ficar na solidão. 
Sorriram juntos.

Um comentário:

  1. sempre dizem : os opostos se atraem. Mas sempre quando o mesmo se concretiza, parece que toda aquela história de opostos fica pra trás , parece que se conhecem à anos, bem mesmo antes de se terem conhecido de verdade, é uma coisa que não se dá para expressar com palavras certas e ou em uma ordem gramatical perfeita, mas sim um amontoado de palavras que dizem muito, mas acabam não dizendo nada; parecem palavras aleatórias, mas que pra quem já presenciou ou presencia um sentimento forte e verdadeiro, faz um enorme sentido. Não é fácil desvendar os sentimentos, creio que é até impossível!

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